quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Recuperação de Solos Degradados

Recuperação de Solos Degradados







Solos degradados são aqueles que sofreram transformações físicas, químicas e biológicas, devidos às alterações climáticas. A degradação do solo provoca uma diminuição da sua capacidade de produzir, principalmente pela ação da erosão e pelo uso  indevido  dos  solos  agrícolas. Estes solos apresentam baixa fertilidade motivada pela exportação de nutrientes pelas colheitas e às perdas dos mesmos por volatilização, lixiviação, não havendo, em muitos casos, a reposição dos elementos essenciais às plantas. 
A compactação do solo, a redução do teor de matéria orgânica, as queimadas, a monocultura, o uso incorreto de corretivos do solo e de fertilizantes são outras fontes importantes para causarem a degradação dos solos agrícolas. Quando se tem um solo degradado devemos pensar em recuperação do mesmo. Criar condições para aumentar a sua fertilidade, a sua proteção, o aumento das propriedades biológicas, criando condições propícias para o desenvolvimento das plantas e o retorno da produtividade. O produtor conta com recursos de crédito facilitados pelos diversos Programas de Investimento para Agricultura no Brasil; são os programas ABC, PRODUSA, MODERINFRA, PRODECOOP, PRONAMP e tantos outros, para o manejo de práticas na recuperação de solos degradados e aumentar a fertilidade dos mesmos. São várias as práticas a serem utilizadas para recuperar um solo degradado.
1. Utilização de espécies florestais
Na utilização de espécies florestais para recuperação de solos degradados, as árvores devem apresentar um crescimento rápido e que deixem no solo um bom teor de matéria orgânica e de biomassa. Um solo pode manter a sua capacidade de produzir pelo teor de matéria orgânica que ele apresenta. Uma recuperação assim feita, apresenta uma série de vantagens: liberação de nutrientes para a solução do solo, melhoria nas condições físicas, aumento na capacidade de troca de cátions (CTC). Sabe-se que 95% do N do solo encontra-se nos resíduos orgânicos, ou seja, na matéria orgânica.
No reflorestamento, em solos degradados, parte do CO2 atmosférico é retirado do ar pela fotossíntese, e armazenado sob a forma de compostos orgânicos, quer seja na massa vegetal quer seja no solo. A maior liberação de gás carbônico (CO2) se verifica na camada do solo de 0-20 cm, em virtude dos micro-organismos existentes em grande quantidade, bem como a concentração dos sistemas radiculares das plantas, cujas raízes absorvem os nutrientes.
2. Recuperação de pastagens degradadas
Nas áreas com pastagens degradadas, o plantio de árvores também é recomendado, principalmente naquelas áreas onde a paisagem já se transformou em verdadeiros"desertos". 

As florestas cobrem o solo e, ao longo dos anos, recuperam a área degradada, além de proporcionar uma rentabilidade para o produtor. É claro que o produtor deve investir dinheiro no plantio das árvores para colher os resultados no sexto ou sétimo ano, quando a madeira estará pronta para ser vendida.
3. Rotação e diversificação de culturas
A monocultura é uma das principais causas na degradação do solo. O constante preparo do solo, com o emprego de máquinas e implementos agrícolas acelera a compactação do solo: daí se origina a erosão, provocada pelos ventos e água das chuvas, levando terra e nutrientes importantes e necessários ao desenvolvimento, crescimento e produção das plantas. Há uma diminuição do teor de matéria orgânica do solo. Cultivar solos com monocultura não pode ser mais utilizada nos dias de hoje. É preciso diversificar e fazer a rotação de culturas. Soja e soja, todos os anos, deve ser esquecido pelo produtor. É preciso intercalar outras culturas, as quais só trarão benefícios para o produtor, tanto do ponto de vista de melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, bem como, na economia do emprego de defensivos químicos e fertilizantes minerais. Um solo bem estruturado, poroso, com bom teor de matéria orgânica e de nutrientes, e uma vida microbiana atuante e bem concentrada, só proporcionará vantagens e rentabilidade econômica para o produtor. "A tônica é não plantar sempre a mesma cultura". O produtor pode intercalar o plantio de milheto, feijão, sorgo, aveia preta, lab-lab e tantas outras. As leguminosas têm um papel importante pois possuem bactérias que promovem a fixação simbiótica do nitrogênio do ar trazendo um aporte deste nutriente para o solo. A utilização de aveia preta, para recobrir o solo, apresenta vantagens, como a diminuição da movimentação de terra causada pelo vento, a erosão eólica. O produtor deve usar, na rotação, plantas que apresentem diferentes exigências nutricionais: existem culturas exigentes em nitrogênio (N), e outras exigentes em fósforo (P), potássio (K), etc. Para isto, num plano de rotação de culturas, deve procurar a orientação técnica da sua região. Além das diferentes exigências nutricionais, o produtor deve usar plantas que apresentem maior produção de massa verde pensando em deixá-la no solo ou incorporá-la, após a colheita.
4. Florestas diversificadas - Agro-florestas

As Agro-florestas consistem no plantio de espécies entre árvores, como feijão guandu, que proporcionarão maiores teores de matéria orgânica. Isto é feito durante quatro a cinco anos. A utilização de leguminosas arbustivas, como leucena, acácia, desmodium, na recuperação de solos degradados é outra forma de manejo. As plantas, que funcionam como adubo verde, servirão para a recuperação do solo. Depois de conseguir o aumento da fertilidade do solo, o produtor poderá pensar em plantar outras espécies que lhe tragam maior retorno econômico. A idéia de só tirar do solo não é mais tolerável - é preciso devolver.
5. A integração lavoura-pecuária-floresta

A utilização de árvores e pastagens para o gado é outra forma de manejo para conter a erosão do solo. A recuperação do solo vai proporcionar um pasto rico em nutrientes para o gado: os animais engordam mais rápido, e o produtor tem outra fonte de renda oriunda da venda da madeira das árvores. Com pastos mais produtivos, o produtor poderá aumentar a lotação, ou seja, mais cabeças/ha/ano. Acrescentando a exploração de lavouras, na propriedade, o trinômio lavoura-pecuária-floresta está formado. E recursos não faltam, em termos de crédito: os programas PRODUSA, ABC. A integração lavoura-pecuária, por exemplo soja no verão e pastagens no inverno traz uma série de benefícios: aumento da produtividade da soja, diminuição do uso de agrotóxicos, melhoria da fertilidade pelo acúmulo de matéria orgânica, renovação do ciclo dos nutrientes e aumento na eficiência dos fertilizantes.


O Nitrogênio e as plantas

As Funções do Nitrogênio para as Plantas




O nitrogênio (N) é o nutriente responsável para o crescimento das plantas, para a produção de novas células e tecidos. O nitrogênio promove a formação de clorofila, que é um pigmento verde encontrado nas folhas e que captura a energia do sol. A clorofila combina CO2 + H2O formando açúcares, que a planta necessita para o seu crescimento e produção de grãos e frutos. A clorofila é composta de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N) e magnésio (Mg); destes, somente o nitrogênio e o magnésio são oriundos do solo. As plantas deficientes em N apresentam as folhas com uma coloração verde-pálida ou amarelada devida à falta de clorofila.
Na proteína, o principal elemento é o nitrogênio; quando há um suprimento adequado deste nutriente, as plantas crescem rapidamente; ao contrário, quando há deficiência, o crescimento é lento. Na produção de proteínas, a amônia combina com o açúcar e produz aminoácidos; quando não existe amônia, os açúcares se acumulam na planta. Quando não há um estoque adequado de carboidratos, as produções são baixas. Por outro lado, o excesso de nitrogênio pode, também, prolongar o ciclo vegetativo e a produção de grãos e frutos é pequena. Os grãos contêm grandes quantidades de proteínas. Durante a produção de sementes, o nitrogênio é removido das folhas e carregado para os grãos; se faltar proteína na planta, a produção de sementes é pequena. Nas forragens, a quantidade de proteína é muito importante. Forragens com alta quantidade de proteína dão origem à altas produções de carne e leite.
O melhoramento da qualidade dos cultivos requer aplicações de nitrogênio para se obterem máximas produções. O N aumenta a quantidade e qualidade de matéria orgânica no solo. Para a rápida decomposição dos tecidos vegetais há necessidade de uma quantidade mínima de nitrogênio disponível. Se isto não se verifica, a decomposição da matéria orgânica é lenta e incompleta; ela depende da quantidade de N nos resíduos de cultivos.
Nas deficiências de N na planta, aparece, primeiro, uma coloração verde-pálida e um amarelecimento das folhas; quando a deficiência é pronunciada, as plantas se apresentam como "queimadas", com uma coloração marrom, que vai gradualmente ocupando toda a área foliar; no final do estágio, a planta paralisa o crescimento, e as folhas mais baixas tornam-se secas e queimadas. O nitrogênio é facilmente translocado das folhas mais velhas para as outras partes de crescimento da planta: as folhas mais jovens; a deficiência de N começa sempre nas folhas mais baixas. Quando os sintomas de deficiência são detectados visualmente, a produção da planta já está comprometida. Daí a razão de ser feita uma análise foliar mais cedo, antes de aparecerem os sintomas.
As leguminosas, como a soja, têm a propriedade de fixar o nitrogênio do ar através das bactérias do gênero Rhizobium. Estas bactérias desenvolvem nódulos nas raízes e alimentam as plantas. Por isto, nas leguminosas se utilizam fertilizantes com zero de nitrogênio ou com pequena quantidade, somente para dar o arranque nas plantas, principalmente nos solos onde o teor de matéria orgânica é menor que 1,5%. Exemplo: as fórmulas NPK 0-30-15, ou 2-30-15, e outras variando os teores de fósforo e potássio. Aliado a isto, a prática de usar inoculantes específicos.
O nosso meio ambiente é o meio ambiente do nitrogênio. O ar que respiramos contém cerca de 75 a 80% de nitrogênio. Uma corrente diz que o ar contém 36.000 toneladas de N para cada hectare; outra corrente diz que são 80.000 toneladas. O nitrogênio da atmosfera é um gás inerte e insolúvel; não tem valor para a planta; com exceção, é claro, para as leguminosas. Para ser aproveitado pelas outras plantas é necessário que seja sintentizado e fornecido na fórmula de fertilizantes. Daí, as indústrias de fertilizantes promoverem a conversão do nitrogênio do ar para amônia anidra (sem água). A amônia é a matéria prima para a produção de fertilizantes nitrogenados, como será abordado em futura postagem.
As plantas usam duas formas de absorção do nitrogênio: a nítrica (NO3) e a amoniacal (NH4). A preferência da planta é pela forma nítrica. A "adsorção de amônia" ocorre rapidamente quando se aplica amônia anidra (NH3), ou quando a uréia é hidrolisada. Toda a amônia é convertida em NH4+ que é adsorvido pelo solo, como acontece com os outros cátions.
NH3 + H2O = NH4+  +  OH-
Como o N-NH4 é adsorvido pelo solo, ele é mais resistente às perdas por lavagem. Os íons OH-, oriundos desta reação, são os responsáveis pelo aumento do pH do solo, logo após a aplicação do produto. Entretanto, o pH cai rapidamente à medida que se verifica a nitrificação: este processo consiste na oxidação da amônia (NH3) em nitratos (NO3), com a formação intermediária de nitritos (NO2), sob a ação de bactérias: as nitrossomonas e as nitrobactérias. À temperatura de 0º C, a nitrificação pára.


Intoxicação Por Agrotóxicos

Prevenindo Intoxicações Pelos Agrotóxicos



Todos sabemos que o uso de  agrotóxicos, em desacordo com as regras de proteção, causam danos aos homens e animais (intoxicações e doenças), e ao meio ambiente (poluição de fontes de água). Segundo à classificação toxicológica, os agrotóxicos são conhecidos como extremamente (faixa vermelha), altamente (faixa amarela), medianamente (faixa azul), e pouco tóxicos (faixa verde). O que diferencia as faixas é a dose DL, que significa a dose capaz de matar uma pessoa adulta. Nos extremamente tóxicos, a dose DL é menor que 5 mg/kg ou seja, uma pitada, ou algumas gotas são suficientes para matar uma pessoa adulta. 
Os diferentes agrotóxicos, como os organoclorados, carbamatos e outros, quando mal manuseados, sem responsabilidade, provocam uma série de intoxicações que podem ser agudas, subagudas e crônicas. As intoxicações agudas surgem momentos após à exposição excessiva aos produtos, principalmente os extremamente e altamente tóxicos. Os sintomas surgem rapidamente e podem ser leves moderados ou graves. As intoxicações sub agudas aparecem quando é pequena a exposição, principalmente com os produtos classificados como altamente e medianamente tóxicos. As intoxicações crônicas podem levar meses ou anos para aparecerem. O grau de intoxicação vai depender do tipo de pessoa, do produto e do tempo de exposição. Os agrotóxicos penetram em nosso corpo através dos olhos, nariz e boca. Portanto, a recomendação, no manuseio de agrotóxicos, em qualquer etapa, é utilizar os Equipamentos de Proteção Individual - EPI's, que protegem os trabalhadores dos efeitos dos agrotóxicos. A prática de não fumar e não comer durante as aplicações, também é recomendável. As intoxicações se apresentam sobre a forma de sinais e sintomas: tosse, taquicardia, visão turva, perda de memória, náuseas, vômitos e tantos outros. O surgimento de casos de intoxicações, no meio rural, está ligado à falta de treinamento, desconhecimento dos produtos, aplicação excessiva de produtos, exposição demasiada e por longos períodos, a permanência de crianças e jovens nas áreas de manuseio dos produtos. É responsabilidade do empregador ou equiparado a fiscalização do uso dos produtos pelos empregados, fornecendo os EPI's, promovendo treinamentos, fornecer dados sobre os produtos que vão ser utilizados, exames médicos periódicos, etc.


Aplicação de Agrotóxicos

Aplicação de Agrotóxicos - Regras Importantes

Na aplicação de agrotóxicos, existe uma série de cuidados especiais aos equipamentos e regras importantes de proteção pessoal. Os agrotóxicos são produtos que, quando mal manuseados, sem conhecimento, sem treinamento, sem responsabilidade, podem causar problemas à saúde dos trabalhadores, animais, e riscos ao meio ambiente. Nas lavouras infestadas de pragas e doenças, eles são importantes para minimizar as perdas de produtividade das plantas. Mas, para isto, devem ser aplicados corretamente, obedecendo a normas e diretrizes, conforme preconiza a NR-31. Os equipamentos devem ser mantidos em bom estado de conservação, sujeitos às revisões periódicas, troca de peças com defeito.
No que tange à proteção pessoal, menores de 18 anos, gestantes e maiores de 60 anos não podem trabalhar com agrotóxicos. Nas áreas de aplicação, as pessoas não envolvidas na operação devem ser afastadas dos locais de exposição direta e indireta com agrotóxicos. No preparo da calda, no manuseio, na aplicação na lavoura, a regra fundamental é a utilização dos equipamentos de proteção individual - EPI's, cuidando para não aplicar contra o vento, ou fumar, comer e beber durante a aplicação. Desentupir os bicos com a boca é uma prática errônea, e os empregadores devem ficar atentos à má utilização deste método. Em suma, os cuidados antes, durante e após a aplicação do produto devem ser mantidos e fiscalizados pelo empregador ou equiparados. Se isto não for levado a sério, ocorrerão intoxicações provocando graves doenças aos aplicadores.